Estelionatários usam informações privadas para acessar as contas de aposentados e pensionistas pela internet, diz Polícia Civil.
Por Cristiano Dalcin, RBS TV
02/08/2022 08h44 Atualizado há 35 minutos
Autoridades aconselham a população a não informar dados por telefone — Foto: RBS TV/Reprodução
A Polícia Civil investiga funcionários de instituições financeiras suspeitos de usar dados de aposentados e pensionistas do Rio Grande do Sul para contratação de empréstimos consignados.
De acordo com o delegado Rafael Soares Pereira, titular da 1ª Delegacia de Polícia (1ª DP) de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, e responsável pela investigação, há casos de pessoas que tiveram, em suas contas, mensalidades de serviços contratados canceladas e até pagamentos de seguros e planos de saúde excluídos para abrir limite para a contratação dos empréstimos.
“O primeiro cuidado que as pessoas têm que ter é com a proteção dos seus dados. O segundo cuidado, que é inclusive o que a vítima que registrou aqui na delegacia teve, foi de perceber que o seu contracheque estava diferenciado, com a exclusão da sua mensalidade sindical e com a exclusão também de alguns planos de saúde vinculados ao IPE [Instituto de Previdência do Estado do RS]“, explica.
A vítima a qual o delegado Pereira se refere é Dulce Iara Fernandes Ritter. Ela contou à RBS TV que uma agente financeira acessou, sem permissão, sua conta com o objetivo de contratar um empréstimo. A pensionista não tinha cadastro no aplicativo, mas a funcionária teria usado os dados que ela forneceu quando quis fazer um empréstimo para se cadastrar. Assim, a estelionatária teve acesso à conta dela.
“Ela queria que sobrasse margem para fazer um novo [empréstimo] consignado. Então, tudo que tinha ali foi sendo cancelado, bloqueado”, diz Dulce.
Quando criam uma nova senha, os golpistas conseguem acesso completo às informações do servidor, aposentado ou pensionista. No aplicativo para celular ou na página da internet, eles também alteram o número de telefone e o endereço de e-mail, o que reduz as chances de a pessoa conseguir resgatar os dados.
Outra vítima do golpe foi a aposentada Aura Barzoni. Ela teve a senha da sua conta alterada duas vezes e só percebeu o acesso indevido quando uma funcionária do sindicato ao qual é vinculada entrou em contato para sinalizar que o desconto da mensalidade havia sido recusado – os golpistas cancelaram o pagamento.
“Em maio, o sindicato me ligou para dizer que não estavam conseguindo descontar a minha mensalidade do sindicato. Eu passei a senha que eu tinha feito e não era mais essa senha. Esse pessoal dos empréstimos, eles mesmo fazem para ver o contracheque da gente, né?”, conta Aura.
Proteja seus dados
Zelo pelos dados deve ser prioridade, dizem autoridades — Foto: RBS TV/Reprodução
O Sindicato dos Servidores Públicos Aposentados e Pensionistas do Estado do Rio Grande do Sul (Sinapers) afirma que a população não deve passar nenhum dado, como login e senha, por telefone.
“Não faça isso. E, na dúvida, procure falar com alguém da casa, não somente aceitar [o que os golpistas pedem], porque eles estão ligando a toda hora, fazem contato por WhatsApp, telefone. O assédio é muito grande. Tem situações que é dado empréstimo de R$ 10 mil, e a pessoa vai pagar para o resto da vida”, avisa Ricardo Bertelli, assessor jurídico do Sinapers.
A Federação Brasileira dos Bancos disse, em nota, que o sistema de autorregulação do crédito consignado busca acabar com as más práticas relacionadas à oferta desse tipo de crédito desde 2020. Além disso, que sempre comunica as autoridades sobre falsificações.