STJ derruba liminar e confirma leilão da CEEE-D para o dia 31

Caso não haja novas ações, estatal vai à venda com nova ameaça de perda da concessão

23/03/2021 – 18h11minAtualizada em 23/03/2021 – 18h11min

Marta Sfredo

MARTA SFREDO

Com isso, ao menos até agora, a privatização da empresa está liberada. Ao menos neste caso, é pouco provável que um nova medida reforme a decisão, porque dependeria de uma reunião do pleno do STJ. No entanto, novas ações podem ser apresentadas. 

No recurso, apresentado ainda na segunda-feira (22), a PGE pedia urgência na decisão porque haveria risco de “grave lesão à ordem e à economia públicas”, estimado em R$ 7 bilhões para o governo gaúcho. Também ponderava que o prazo previsto para a entrega das proposta de interessados em assumir a estatal de distribuição de energia vai até a próxima sexta-feira, dia 26, e os potenciais interessados em assumir a empresa precisavam, antes do prazo para entrega de proposta, ter a certeza da realização do leilão. Caso contrário, poderiam se retirar do processo.

Sem a privatização, não haveria aporte de capital na empresa de distribuição de energia. E sem ingresso de recursos, pode ocorrer a perda da concessão para levar eletricidade a casas e empresas em parte da Grande Porto Alegre, Litoral e região sul do Estado, onde a CEEE-D atua. Nesta terça-feira (23), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que regula o setor, abriu novo processo de caducidade (perda) da concessão da CEEE-D. Nesse caso, o governo do Estado seria obrigado a absorver todos os passivos da companhia.

Um dos precedentes citados no recurso envolvia outras empresa que atua no mesmo ramo da CEEE-D, a CEB, do Distrito Federal. No caso dessa outra distribuidora de energia, também houve necessidade de apelo à presidência do STJ, que permitiu a realização do leilão em 4 de dezembro de 2020.

No caso da CEEE-D, uma empresa “quebrada” na definição de seu presidente, Marco Soligo, o preço mínimo definido para o leilão foi de R$ 50 mil exatamente porque há expectativa de que o comprador assuma parte desses passivos da empresa que a PGE estima em R$ 7 bilhões. 

Um dos compromissos que o interessado precisa estar disposto a assumir é parcela de R$ 1,6 bilhão da dívida da distribuidora com ICMS. Outros R$ 2,8 bilhões serão objeto de uma complexa transação que envolve uma espécie de “perdão”, em troca do recebimento de imóveis pertencentes à CEEE-D.

O formato dessa operação foi o principal argumento da ação popular movida por dirigentes da União Gaúcha em Defesa da Previdência Social e Pública, por meio do escritório Bertelli Advocacia, que obteve a liminar suspendendo o leilão.

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