Com um milhão de usuários, o IPE Saúde é responsável por garantir atendimento médico e hospitalar a quase 10% da população do Rio Grande do Sul. Conforme o último levantamento da autarquia, até março, o instituto acumulou R$ 637,7 milhões em atrasos na contribuição patronal dos pensionistas. O montante é resultado da falta de repasse financeiro de órgãos, autarquias e dos três Poderes do Estado.
Esse cenário não é novidade para o instituto. Apesar de um orçamento anual de R$ 2,3 bilhões, em 2018 o plano registrou déficit financeiro de R$ 240 milhões. As dificuldades são reconhecidas pelo novo diretor-presidente do IPE Saúde, Marcus Vinicius de Almeida, nomeado pelo governador Eduardo Leite no dia 17 de julho. Almeida, que soma em seu currículo os cargos de ex-prefeito de Sentinela do Sul e ex-presidente da Famurs, assume a autarquia com o desejo de alcançar bons resultados e conformidade dos atos praticados. Em entrevista à ASJ, o novo diretor-presidente do IPE Saúde compartilhou suas ideias e expectativas para o instituto.
Quais são seus planos para a presidência do IPE Saúde?
O IPE Saúde iniciou como um benefício concedido pelo Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul – IPERGS em 1966, mas somente em abril de 2018 ganhou personalidade jurídica própria. Ou seja, é um recém-nascido no aspecto administrativo, mas um senhor vivido no quesito funcional. O primeiro desafio que nos foi lançado é de consolidar o processo de independência jurídica e consolidação formal do instituto. Demandando na construção do Planejamento Estratégico da autarquia, sua estrutura organizacional, plano de cargos e salário e sistema de Compliance.
Quais projetos estão sendo alinhados com os principais objetivos da sua gestão?
Está no horizonte de 2019 a automação e digitalização de serviços de registro e atendimento. Pretendemos implantar ferramentas e fluxos mais modernos para auditoria médica. Iremos também implantar novos canais de comunicação e transparência.
Como será a relação com os segurados do IPE?
A razão de existência do IPE Saúde são os segurados. Teremos uma relação de muito cuidado e zelo pelas pessoas. Cuidaremos dos mais de um milhão de beneficiários com respeito e sensibilidade.
A gestão tem planejamento para a questão de reajuste dos médicos que atendem no sistema?
Já estão em andamento, nas áreas internas responsáveis, estudos neste sentido. A demanda dos profissionais credenciados é legitima e merece atenção. Não iremos desprezá-la.Todavia, não podemos ignorar a complicada realidade financeira de nosso Estado e seus servidores. Os funcionários públicos praticamente não possuem mais margem para novas despesas em seus orçamentos familiares. Necessitaremos de mútua cooperação para atravessarmos este momento delicado. Se alcançarmos bons resultados na cobrança de alguns créditos que o IPE Saúde possui com os Poderes e entidades conveniadas, certamente teremos um caminho favorável para iniciarmos um processo de negociação de reajustes.
A gestão pretende ampliar o atendimento do IPE no interior do Estado?
Sem dúvida. Ampliar tanto no número de municípios conveniados como na rede credenciada. Isto é vital para garantir a sustentabilidade do instituto.
Qual política sua gestão pretende seguir para conter gastos desnecessários do sistema?
No que diz respeito à saúde e à vida de uma pessoa, nada é desnecessário. Contudo, o IPE Saúde não pode ater-se a serviços supérfluos, tampouco investir seus recursos sem planejamento e transparência. Com a automação e digitalização de serviços teremos condições de apurar melhor os gastos que são gerados. E, com a implantação de uma área de Compliance, buscaremos garantir a conformidade dos atos praticados pela autarquia.
Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini